domingo, 5 de abril de 2009

Ele Sabe Que Vai Perdê-la, Ela Também Sabe

Ela era a poesia completa, a nota final, o último segundo, o suspiro.
Tinha o desejo de ter o mundo, mas ter uma parte DELE bastava, parte porque ele nunca fora inteiro.
Talvez por ser dividido entre histórias, assassino de si próprio...
Talvez porque se conhecer seria a morte...
Talvez ELE já tenha morrido e se dividir é um meio de viver em cada pessoa, de sempre existir.
Entendem? Não bastava fazê-la sorrir uma vez, não adiantava ver aquele olhar de admiração, precisava ser sempre, precisava ser só dele, mesmo que seu coração estivesse em várias.
Queria abandonar em algum canto o desejo de dividir o cotidiano e fazer disso uma história real, ela não podia mais viver pelos cantos, guardada para o tempo.
Ele se preocupava com isso, a guardava para ter quem conversar de verdade de noite, como os dois vinham fazendo.
Era esse grande jogo que a incomodava, as faces desconhecidas que por vezes enxergava nele...
No fundo nunca sabia se aquele que a abraçava, a controlava, era alguém de verdade ou se era mais um personagem ensaiado, guardado e usado às vezes. Ele sabe que um dia vai perdê-la, ela também sabe, mas evita.

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