domingo, 26 de abril de 2009

A Peripécia do Momento: Impulso


Pulsa em mim a insônia teimosa que insiste em ficar.
A energia que demora a se esgotar, e se renova em cada anoitecer.
A curiosidade que sofre com o que ainda não sabe.
A força que dá a mão quando você se sente fraco.
O saber que sempre busca em dias de aflição.
A impaciência e inconstância que te irrita tanto, mas que te encanta sem saber o motivo. A diferença entre tantas outras.
Aquilo que procura e não possui. E nem poderia, por não saber como.
Um alguém que guarda o mundo dentro de si, e sabe que o fim é a solidão plena.
O desejo profano e proibido que reproduz de forma diversa.
A farsa que não se revela, a verdade que não se oculta, o calor que não se obstrui, o fogo que não se apaga.
O começo sem final. Sem rotina. Sem destino e talvez sem futuro.
Alguém livre da demência das vontades alheias. Que quer viver do seu modo, que busca fazer as coisas que ama, sem se importar com o que os outros pensem.
Que evita sofrer com as rejeições, supera e faz aquilo que acha melhor, apesar das críticas.
Que ama mais do que pode, enlouquece e se cala, para não abalar sentimentos.
Uma desconhecida vestida de máscaras... Que não se revela e se mistura.
Ela não sabe brincar nem escrever, mas sabe fazer seu cotidiano parecer ser suportável, e todo dia ser a última chance para fazer as coisas das quais sem ela jamais seria capaz.
Pulsa em mim a peripécia de cada momento, último e irrepetível. O impulso do mundo.

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